Divulgação: Fórum das ADs
O reajuste salarial de 4%, aplicado pelo governador Rui Costa (PT) na folha de pagamento de janeiro já está em vigor. Embora seja o primeiro reajuste depois de sete anos de congelamento salarial, professores (as) e o funcionalismo público baiano ainda perdem o poder de compra devido às perdas provocadas pela alta inflação e a política de arrocho salarial do governo estadual. Para exemplificar, com o reajuste, uma nota de R$ 100,00 tem o mesmo poder de compra hoje que R$ 68,98 em dezembro de 2015. Dessa forma, o salário que já estava em dinâmica de perdas, segue encolhendo.
Economistas explicam que a inflação diminui o consumo das famílias e, portanto, o ganho real ocorre apenas quando o reajuste fica acima da inflação. De acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação do último ano fechou em 10,6%, a maior alta desde 2015 e uma das maiores desde o início do Plano Real, em 1994. O comparativo numérico entre o índice de 4% adicionado ao salário e a inflação acumulada em mais de 10%, indica que o valor acrescido não irá melhorar as condições de vida dos (as) professores (as) devido à falta de ganho real. Isso porque o reajuste aplicado não acompanhou a alta de preços importantes para o orçamento das famílias, como alimentos, energia elétrica e gasolina.
De acordo com o IBGE, que mede o IPCA, o aumento da inflação, recorde em 2021, fez a vida ficar mais cara em várias demandas essenciais. Confira o ranking dos grupos mais afetados com a alta da inflação.
Defasagem salarial
Dos 13 governadores que até agora concederam reajuste salarial para uma categoria ou servidores estaduais, Rui Costa foi o que aplicou um dos menores aumentos do Brasil. Em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Paraíba e Mato Grosso do Sul o reajuste ficou entre 10% e 13%. E há exemplos, ainda, como o do Rio Grande do Sul em que o piso do magistério teve um reajuste de 32% na tabela inteira do subsídio desde janeiro deste ano.
Segundo estudos realizados sobre salário no Encontro de Docentes das Universidades Estaduais Baianas, pelo professor Gean Santana (ADUFS), a inflação acumulada durante todo o período sem reajuste salarial, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2021, chegou a 50,76% representando uma perda salarial de 33,67% para professores (as) do ensino superior baiano nesse espaço de tempo.
Agora em 2022, com o reajuste e considerando a parcela fixa a ser concedida em março, as perdas salariais na categoria docente estão entre 27,2% (auxiliar) e 29% (pleno). Isso significa que ainda há prejuízo na perda do poder de compra dos (as) professores (as) mesmo depois do reajuste salarial. Entenda melhor com a simulação no gráfico abaixo.
Ronalda Barreto, coordenadora do Fórum das ADs, destaca que “O cenário de perdas é para todo o funcionalismo público. Além de tudo ter ficado mais caro, no caso de nós docentes do ensino superior, ainda é preciso considerar que os nossos gastos aumentaram e muito com o ensino em formato remoto. Quantos não precisaram comprar novos equipamentos para garantir as aulas? Quantos precisaram mudar seu pacote de internet? Quantos não tiveram o aumento na conta de energia por precisar trabalhar em suas casas?”, alerta a professora.
Com informações IBGE e Folha de São Paulo