Nota conjunta
No momento em que vivemos o agravamento da pandemia no nosso país, com quase 100 mil mortos em decorrência da falta de unidade de uma política de combate ao COVID19, assistimos, estarrecidos, ao Governador da Bahia, o Sr. Rui Costa, anunciar que pretende em breve retomar as aulas presenciais nas escolas da rede pública estadual. Para piorar ainda mais a situação, o próprio governador fez uma torpe comparação com a abertura do comércio e dos shopping centeres na cidade de Salvador.
Primeiro, gostaríamos de informar que Escola não é comércio e assim alertamos à população baiana o risco que tal medida, caso seja levada à frente como pretende o Governo da Bahia, trará sérias implicações, como por exemplo, o aumento dos casos de contaminados no estado e, por conseguinte o do número de óbitos.
Entretanto, soa de maneira estranha o estridente silêncio vindo do partido que controla o Governo do Estado, visto que até o momento ainda não emitiu uma nota sequer em relação ao assunto, corroborando assim com uma atitude que evidencia a necropolítica adotada pelo Governo da Bahia nos últimos anos, onde a segregação de populações economicamente carentes, de fragilidade social vem sendo lentamente implementada. Podemos observar isso através dos índices sociais do estado da Bahia, onde a saúde já foi terceirizada, a educação encontra-se sucateada. Possuímos os piores índices educacionais do país e a Polícia Militar atua como um algoz da população negra da periferia das grandes cidades, assassinando e intimidando jovens negras e negros.
Assim, mais do que infeliz, a declaração do governador é um descaso, um desprezo com a população que o elegeu e que agora atende e defende o poder do capital. A retomada das aulas colocará em risco toda uma população carente de ações governamentais efetivas que possam dar a devida segurança para o enfrentamento da pandemia. E mais do isto, conduzirá os docentes da educação básica com as suas diversas comorbidades a uma exposição de risco desnecessária. Esta é uma situação inusitada para uma postura inconsequente de um governo que se diz democrático e que está tomando todas as medidas na luta contra a COVID-19.