Docentes das Ueba denunciam o maior arrocho salarial em 20 anos

Campanha de Mídia 2018 do Fórum das ADs

Campanha de mídia do Fórum das ADs aborda a luta pela recomposição salarial e defesa dos direitos trabalhistas

O Fórum das Associação dos Docentes das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) lança em abril a campanha de reivindicações de 2018. Os docentes denunciam a situação crítica que os professores e o funcionalismo público baiano enfrentam há três anos sem reajuste salarial. Segundo o DIEESE, o prejuízo imposto pelo governo Rui Costa (PT) já representa a maior perda salarial dos últimos 20 anos. Além da questão salarial, a campanha também tratará da restrição a outros direitos trabalhistas e da crise financeira das Universidades Estaduais.

Perdas salariais

O novo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez uma análise sobre as perdas salariais dos docentes entre novembro de 1990 e dezembro de 2017. A análise foi solicitada pelo Fórum das ADs com o intuito de atualizar as informações para a categoria. Os cálculos revelaram que as perdas salariais em três anos ameaçam as conquistas do último período.

“Três anos sem reajuste significa muita coisa. No caso da categoria docente, identificamos que as greves conquistaram, no último período, incorporações importantes no salário-base dos professores. Contudo, como a inflação é uma máquina ritmo, esses três anos de arrocho salarial representam um prejuízo tão grande que já é uma ameaça a essas conquistas do movimento docente.”, explicou Ana Georgina Dias, supervisora técnica do Dieese.

A tabela 1, elaborada pelo DIEESE, apresenta as perdas salariais por período. Nela, é visível que a maior perda ocorreu entre o período de 2015 a 2017. O maior ganho salarial real, entre 2011 e 2014, foi resultado da greve de 2011, quando os docentes ocuparam a Assembleia Legislativa da Bahia e forçaram o governador da época a apresentar uma proposta negociável para o movimento. É importante alertar que a perda real do último período (2015-2017) é maior que a apresentada pela tabela 1. Isso ocorre porque foi levado em consideração o reajuste referente à inflação de 2014, que foi concedido de forma parcelada ao longo de 2015, ao invés de em parcela única no mês de janeiro (data base dos servidores). Segundo o DIEESE, por questão metodológica seria incorreto não incluir nos cálculos esses reajustes, apesar de se referirem ao ano de 2014. Um outro cálculo feito pelo DIEESE, mais fidedigno ao impacto no salário, é apresentado na Tabela 2. Pelos dados apresentados percebe-se que as perdas salarias no período de 2015 à 2017 são de 17,42% e que o reajuste necessário para compensar essas perdas é de 21,1%.

 Tabela 1: perdas salariais entre dezembro de 1990 e 2017. Fonte: Dieese

Georgina explicou, ainda, que as perdas se multiplicam de um ano para o outro, pois trata-se de uma perda em cima de outra já existente. Dessa maneira, o estudo mostrou que, embora as perdas no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2017 tenham sido de 17,42%, para recompor as mesmas é necessário um reajuste de, no mínimo, 21,10%, correspondente à inflação medida pelo IPCA-IBGE no período, como também é possível verificar na tabela 2. A especialista destacou que essa reposição não é uma vantagem financeira para os servidores públicos, mas uma garantia de que seus salários não serão corroídos pela inflação.

 Tabela 2: as perdas salariais e o reajuste necessário. Fonte: Dieese

Leia o estudo completo sobre a evolução das perdas salariais.

O que mais subiu em 2017

As condições de vida dos 270 mil servidores públicos baianos pioram, pois sem o reajuste, o poder de compra é reduzido. Com a inflação acumulada em 2,95%, ano passado, houve aumento no preço de itens essenciais à vida dos brasileiros e importantes na mesa de milhares de famílias. Apenas em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos subiram 8,62%, remédios 12,50%, saúde e cuidados pessoais 11,04%.

Desde 2017 o movimento docente tenta dialogar com o Governo do Estado. A pauta de reivindicações 2018 tem como uma das suas principais bandeiras de luta a exigência de reposição integral das perdas inflacionárias, 21,1%, defesa dos direitos trabalhistas e das universidades estaduais. Sérgio Barroso, coordenador do Fórum das ADs, explicou que a campanha de mídia pretende mostrar à população como a política do governo Rui Costa de sucateamento da carreira docente e das UEBA está acabando com este patrimônio da povo baiano.

“O maior arrocho salarial em 20 anos. Essa será a marca deste governo. A nossa campanha de mídia será mais um passo para conscientizar a sociedade baiana sobre a drástica situação que Rui Costa impõe a nós docentes e ao ensino superior público da Bahia”, demarcou Barroso.

Leia a pauta de reivindicações 2018 na íntegra.

Texto: Priscila Costa