Força do movimento: ato público denuncia os quase 1.000 dias sem mesa de negociação

Estudantes e docentes em marcha. Foto: Ascom Fórum das ADs

Nessa quinta-feira (15), estudantes e professores (as) das universidades estaduais realizaram uma paralisação de 24h marcada por um ato público em Salvador. Com caravanas da Uneb, Uesb, Uefs e Uesb vindas de vários cidades baianas, cerca de 500 pessoas ocuparam a Avenida Paralela numa manifestação que foi do Antigo Bahia Café Hall até à Secretaria de Educação (CAB). Com faixas, cartazes, falas e palavras de ordem a manifestação pautou a bandeira do #NegociaRui demarcando a luta das universidades por mais orçamento para instituições, defesa dos direitos e por reajuste salarial.
A marcha ocorreu no período da manhã, com parada na Assembleia Legislativa da Bahia, e chegou à SEC em torno das 12h. Apesar da manifestação pacífica e democrática, professores (as) e estudantes foram recebidos pela Secretaria de Educação com um ostensivo policiamento. A montagem da estrutura da aula pública, distribuição do almoço, água e banheiros químicos ficaram impedidas de serem montadas por cerca de 40 minutos.
“A polícia impediu a entrada no nosso carro para montar o toldo da aula pública e também itens básicos como alimentação, água e banheiro químico. Foi uma situação muito difícil porque estávamos em caminhada sob sol forte, sem se alimentar e com a hidratação prejudicada. Levamos mais de 40 minutos negociando e recebendo negativas. Isso causou alguns prejuízos do ponto de vista até da saúde de algumas pessoas que participaram do ato. Uma total insensibilidade do governo. Além de não negociar e não receber o movimento, ainda dificultam um ato absolutamente democrático em defesa das universidades”, relata Alexandre Galvão, coordenador do Fórum das ADs e presidente da Adusb.
Após intensa pressão do movimento, a estrutura foi montada. Os manifestantes denunciaram a truculência do governo. “A educação não é caso de polícia”, diziam as palavras de ordem.
 

 
Movimento foi recebido na SEC com policiamento ostensivo. Foto: Ascom Fórum das ADs

No período da tarde, ocorreu um momento de falas com representação do Fórum das ADs, que resgatou o histórico de luta do movimento docente nos últimos 20 anos. As históricas greves de 1987, 2000, 2011, 2015 e 2019 foram rememoradas junto às conquistas que foram fruto dessas lutas. Vitórias como o Estatuto do Magistério Superior, revogação da Lei nº 7176/97, reajustes salariais, liberação de promoções e progressões e mais verbas para as universidades estaduais foram algumas das conquistas levantadas. O movimento demarcou, ainda, o histórico de autoritarismo da gestão do governo Rui Costa com o movimento docente e as universidades estaduais baianas.
As representações dos Diretórios Centrais dos Estudantes também deram contribuição ao debate relatando as problemáticas da assistência e permanência estudantil nas instituições. Segundo os (as) estudantes, é preciso repensar o programa “Mais Futuro” revendo questões como o valor da bolsa, os seus critérios meritocráticos e a questão da regularidade dos editais.

  
Movimento realizou atividade em frente à SEC. Foto: Ascom Fórum das ADs

A programação do dia se encerrou por volta das 18h. Na avaliação do movimento docente, esse foi mais um ato e a paralisação vitoriosos das quatro universidades estaduais. Segundo os (as) docentes, as universidades mostraram sua força e governo mostrou sua dureza e incapacidade de dialogar. No final do mês de setembro completam 1.000 dias com mesa de negociação interrompida pelo governo. A última reunião ocorreu apenas no dia 7 de novembro de 2019. A mesa foi um dos acordos de greve estabelecido entre o governo e os professores em 2019 como um canal de diálogo permanente.
“Foi um ato vitorioso para um governo melancólico. Esse governo que chega ao final agora prejudicou muito os servidores públicos estaduais da Bahia impondo congelamento salarial por 7 anos. No caso de nós, professores universitários (as), isso foi muito pior porque, além do arrocho salarial, não houve respeito à lei que rege nossa carreira. Foram 4 anos de ataques ao Estatuto do Magistério Superior, algo que nunca tinha ocorrido. Essa situação levou a mobilização de hoje e toda essa insatisfação. Estamos chegando ao final do governo Rui Costa e eu diria que ele termina o seu governo de forma melancólica com o ensino superior estadual. Foi um governo que não disse ao que veio para as universidades estaduais, que não recebe a comunidade acadêmica, mal recebe os reitores, que não investe e não entende o papel das Universidades Estaduais da Bahia”, avalia Alexandre Galvão.
Até o momento, o governo não recebeu o movimento docente nem emitiu nenhuma resposta oficial ao ato e paralisação ocorrida. 

 
Indignados, docentes denunciaram os quase 1.000 dias sem diálogo. Foto: Ascom Fórum das ADs

 

Matéria publicada às 16h20 do dia 16.09.22