Nota de repúdio aos casos de racismo ocorridos em Colégio Militar da Bahia

Nota de repúdio

Com indignação, o Fórum das ADs repudia o caso de racismo ocorrido no Colégio Municipal da Polícia Militar Dr. João Paim, no município de São Sebastião do Passé, na Bahia. A entidade manifesta solidariedade às alunas e seus familiares, vítimas das atitudes racistas.

Na semana passada, a estudante Eloah Monique de 13 anos foi impedida de acessar a aula porque o seu cabelo, mesmo estando preso em um coque, não foi considerado "adequado às regras da escola". Segundo a mãe da estudante, Jacira de Jesus Tavares, a justificativa foi dada por um funcionário da escola, militar reformado. Expulsa da aula, a estudante voltou para casa e, aos prantos, mandou áudios para a mãe em que dizia que não queria mais retornar ao colégio. Segundo relatos de Jacira, no áudio Eloah conta que "Ela ainda usou o termo o diabo desse cabelo”. O caso foi registrado no boletim de ocorrência na Delegacia Territorial de São Sebastião do Passé. A mãe da adolescente afirmou que o caso não é isolado, e já ouviu diversos relatos similares vindos de outras mães.

A escola deve ser um espaço que nos ensine a refletir e pensar, não a obedecer e reproduzir comportamentos preconceituosos. Esse ocorrido é mais um reflexo do racismo estrutural. Combater o racismo nas escolas exige uma autorreflexão por parte dos (as) educadores (as) sobre o que é a estética e como a cultura influencia aquilo que classificamos como belo. Desconstruir o estereótipo de que cabelo crespo é “feio, duro e ruim” é tarefa de uma educação emancipatória e libertadora. Repudiamos o episódio racista assim como a omissão por parte da direção e da coordenação do colégio. Tal exemplo prova que a luta antirracista em conjunto com uma educação antirracista, se faz cada vez mais urgente e necessário.
Cabelos e cacheados não são bagunçados e nem feios. Solte o cabelo e prenda o preconceito. Racismo não é mal entendido, é crime!

29 de março de 2022